Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Colunista do UOL
28/05/2021 04h00
Todo mundo já percebeu que a junção da desvalorização do real com a falta de matéria-prima para a fabricação de novos veículos favoreceu o mercado de carros usados.
Segundo dados da Fenauto (Federação Nacional das Associações de Veículos Automotores), no acumulado dos quatro primeiros meses de 2021 houve um aumento de 40,7% na comercialização de modelos de segunda ou terceira mão. Mas esse frenesi em torno da compra de carros com mais anos de uso pode trazer consequências maiores a curto e médio prazo para o trânsito brasileiro.
Enquanto países desenvolvidos trabalham com políticas de renovação da frota, para trazer mais segurança nas vias e menos emissão de poluentes, no Brasil comprar um carro com mais de 13 anos de uso tem sido a saída para muitos fugirem da insegurança do transporte público. Os dados da Fenauto mostram que houve um aumento de 34,8% nas vendas de modelos com essa idade.
Já os maduros, com nove a 12 anos de uso, tiveram 27,7% de aumento. Por sua vez, as vendas dos seminovos, com zero a três anos de utilização, subiram 9%. Os usados mais vendidos no mês passado foram Volkswagen Gol, Fiat Palio, Fiat Uno, Ford Fiesta e Chevrolet Celta, que representaram juntos uma fatia de 26,63% das negociações.
Além do atraso da renovação da frota, justificável dado o momento em que vivemos, a escolha por carros mais antigos pode trazer um grande impacto nos próximos meses e anos.
Primeiro, o gasto com manutenção é bem maior do que em carros novos. Além de “quebrar” mais por conta do desgaste das peças, não há garantia, o que faz com que o consumidor tenha que colocar a mão no bolso a cada problema.
Outro agravante: o valor do seguro vai aumentando de acordo com a idade do carro, o que, certamente, acarretará em mais carros desprotegidos andando por aí… Como será quando cada vez mais veículos sem seguro começarem a se envolver em pequenos acidentes? Os proprietários terão como custear os reparos? E se baterem em outro carro?
Há mais duas preocupações: quanto mais antigo um veículo, menos exigências legais ele precisou cumprir para entrar no mercado. O que pode ser traduzido em motores mais beberrões e menos itens de segurança, como airbags, freios ABS e controle de estabilidade, dentre outros itens que passaram a ser obrigatórios nos últimos anos. O que impacta em acidentes mais graves e no preço da gasolina pesando ainda mais no orçamento das famílias.
“Com o carro novo a esse preço, é melhor comprar um usado mais completo”.
Esse é um pensamento muito comum quando o consumidor se depara com a alta no preço dos veículos novos, e muitas vezes ele está correto. Mesmo assim, é importante fazer algumas contas. Pegue uma calculadora e trabalhe junto comigo!
Fiz simulações de financiamento de um carro de R$ 80 mil em cinco instituições diferentes, Santander, Bradesco, Itaú, Banco Chevrolet e Banco Hyundai. Testei de duas formas, comprando um veículo zero-quilômetro e um de 2017, sempre oferecendo R$ 20 mil de entrada e parcelando em 60 meses, com exceção do Banco Hyundai, que no simulador só permite carros novos em até 48 meses.
Em uma das instituições, o Bradesco, o custo total do financiamento do carro zero e do usado ficou próximo, com apenas R$ 2 mil de diferença. Mas em outros bancos a diferença ficou entre R$ 7 mil e R$ 16 mil, 20% do valor do veículo. Isso acontece porque o financiamento de um carro novo oferece menos riscos para o banco, já que, em caso de inadimplência, eles retomam o bem. Por isso, as taxas de juros para carros novos são sempre mais atrativas. Quanto mais antigo o carro, maior a taxa.
Depois de conferir se financiar o usado realmente vale a pena, é hora de cotar o seguro. Outro custo que aumenta com o decorrer dos anos. Também é importante inserir nessa planilha a manutenção do veículo: a cada revisão, mais itens precisam ser substituídos. Verifique também o consumo. Um carro usado com um consumo interessante faz, em média, 10 quilômetros por litro de gasolina na cidade. Se a relação for muito menor do que essa, significa que o combustível vai pesar no seu orçamento.
Se ainda assim optar por um carro usado, tente encontrar uma opção que ainda esteja na garantia. Algumas marcas oferecem 5 anos de cobertura, o que faz com que muitos modelos sejam vendidos dentro do prazo. Pode ser um alívio ao menos nos primeiros meses e anos com o seu novo companheiro. Também é interessante comprar de uma revendedora, ela te dará mais garantias do que um particular.
Caso você tenha feito todas essas contas e ainda acredita que vale a pena comprar um usado, é porque você encontrou uma opção realmente interessante. Acredite, existem várias no mercado. Aproveite!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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Paula Gama
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