Catarina e Ricardo foram de Braga à Turquia numa carrinha que custou 1.500€ - NiT New in Town

Catarina e Ricardo foram de Braga à Turquia numa carrinha que custou 1.500€ – NiT New in Town

abril 26, 2024
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A enfermeira Catarina Leite, de 28 anos, tinha um critério claro relativamente a um futuro companheiro: o gosto por viajar. Os culpados por esta preferência? Os pais. Quando tinha 10 anos, começou a conhecer grande parte da Europa e passou a infância e adolescência a percorrer caminhos estreitos e sinuosos de autocaravana. Cresceu no mundo do autocaravanismo e, mesmo sem se dar conta, o “bichinho ficou para sempre”. À medida que foi crescendo, a jovem natural de Braga, apaixonou-se pelas viagens.
Quando começou a namorar Ricardo Pinto, uma relação que nasceu graças a um comentário numa publicação do Facebook há uma década, o namorado nunca tinha saído de Portugal. Porém, isso rapidamente mudou.“Os meus pais não tinham o hábito de irem de férias, não havia condições para tal. Sempre fui muito fechado dentro da minha bolha”, começa por contar à NiT o bracarense de 32 anos, diretor adjunto de produção na área têxtil, que foi fortemente influenciado pela namorada a sair da zona do conforto para conhecer o mundo. 
Aos poucos, começaram a juntar dinheiro para fazer pequenas viagens, aqui e ali, mas a ideia de deixarem tudo para trás e embarcarem numa aventura sem data de término já pairava no ar. Antes disso, contudo, decidiram investir numa carrinha, uma Nissan Vanette, para fazerem escapadinhas de fim de semana.
Encontraram-na à venda no OLX, há cerca de três anos, por um valor que consideram “uma pechincha”: 1.500€. “Era utilizada por um senhor que trabalhava nas obras, por fora estava um pouco amassada e tinha algumas partes danificadas, mas desde que andasse, estava tudo bem”, admite o casal.
O objetivo, na verdade, era colocar apenas um colchão na parte de trás e não mais do que isso, mas Ricardo, um “engenhocas” e “homem dos sete ofícios”, disse que conseguia fazer algo melhor. E assim foi. Durante um ano, transformaram a Nissan Vanette de 2001 numa pequena autocaravana e, aquilo que seria só um colchão, tornou-se numa casa sobre rodas — e as memórias de infância dos dias que viajava pela Europa com os pais voltaram ao dia a dia de Catarina. Desejava fazer o mesmo, desta vez com o companheiro. 
Há dois anos, tomaram a decisão: iam juntar dinheiro para se deixarem os empregos e poderem viajar na carrinha por tempo indeterminado. O objetivo era conseguirem ir até à Turquia. Em maio do ano passado, estavam prontos para partir, mas a aventura acabou por ser adiada por forças maiores. “Já nos tínhamos despedido dos nossos trabalhos quando a minha mãe foi diagnosticada com cancro. Questionámos o nosso desejo de fazer a viagem, se era realmente isto que queríamos”, recorda Catarina. 
Decidiram, então, adiar o plano e voltar a trabalhar, mas o sonho não ficou esquecido. Continuaram a juntar dinheiro e, a 1 de abril deste ano, partiram finalmente de Braga. Não tinham grandes planos nem itinerários, apenas dois objetivos: conhecer Marrocos e chegar à Turquia. 
“Sabíamos que queríamos começar por Marrocos e estivemos lá um mês. Depois, fomos alternando o itinerário, íamos para onde o vento nos levasse”, contam. Desses primeiros 30 dias, recordam, sobretudo, as “pessoas hospitaleiras e acolhedoras” com as quais se cruzaram pelo caminho. Chegaram ao norte de África durante o Ramadão e, apesar de todas as limitações, adoraram a experiência. “Conseguimos viver a tradição com eles, fomos convidados para comer em casa de várias pessoas e passámos madrugadas à volta da fogueira a conversar com os locais. Já nem queríamos regressar à Europa”, recorda o casal. 
Mesmo sem vontade de se despedirem do continente africano, voltaram à estrada na pequena carrinha, para cumprirem a missão de chegarem ao destino. Passaram por países como Espanha, Itália, Eslovénia, Bósnia, Sérvia e Bulgária, onde as maiores dificuldades que sentiram foi mesmo o campismo selvagem. “Por norma, fazemos sempre wild camping [acampar de forma selvagem], mas havia muitas regras. Só a partir dos Balcãs é que há mais liberdade nesse sentido, mas sempre conseguimos contornar essa questão.”
Após 12 mil quilómetros, entraram na Turquia a 8 de junho, onde passariam os dois meses seguintes a explorar o país e conviver com os locais. “De forma aleatória, um senhor convidou-nos para passar o dia com a família dele numa aldeia remota com cerca de dez pessoas”, mas não foi único a fazer um convite ao casal. Num dos dias, quando estavam sozinhos a descansar numa lagoa, uma família aproximou-se deles e a primeira coisa que fizeram foi acenar. “Só com este pequeno gesto, convidaram-nos logo a tomar o pequeno-almoço com eles. Estão muito pré-dispostos a conhecer novas pessoas e com uma energia tão boa que têm surgido muitas coisas boas e conhecemos pessoas muito acolhedoras”, revelam.
Durante os últimos dois meses, conheceram ainda o Lago Tuz, o segundo maior lago salgado da Turquia, fizeram campismo na Capadócia e acordaram com os balões de ar quente a enfeitar os céus. Já subiram ao vulcão Meke Lake, e visitaram a Praia de Iztuzu, também conhecida como a Praia das Tartarugas por ser “uma área de nidificação de tartarugas-cabeçuda”. Aqui existe ainda um hospital de reabilitação e proteção desta espécie, uma vez que a maioria delas foram vítimas das hélices de barcos e do consumo de plástico.
Antes de partirem, ainda tiveram tempo de explorar o Pamukkale, mais conhecida como Castelo de Algodão, um conjunto de piscinas termais localizadas a 200 metros de altura, e o Salda Gölü, “um lago salgado rico em magnésio, sódio e argila com água azul-turquesa, transparente e areia branca”, que foi usado por cientistas da NASA para preparar o robô Perseverance para explorar Marte. “Neste lugar há a presença de minerais e microrganismos semelhantes a Marte”, explicam.
Agora, o casal prepara-se para regressar a Portugal, mas não sem fazer umas paragens pelo meio. Estão neste momento na Grécia e devem passar ainda uns dias na Albânia — e pode acompanhar tudo através das redes sociais, onde têm partilhado os melhores momentos. Quanto ao orçamento, definiram um limite antes de partirem de Braga: a ideia seria gastar, em média, 1.000€ por mês, um valor que, confessam, já ultrapassaram em alguns dos meses, principalmente quando estavam na Europa, devido ao preço a gasolina.
“Cultivámos a ideia de que iria ter uma duração indeterminada, mas sabemos que seria uma viagem de seis a sete meses. Devemos regressar no final de outubro. Como a carrinha é muito pequena, pode pode não estar preparada para enfrentar invernos rigorosos”, reforça o casal. 
A seguir, carregue na galeria para ver algumas das fotografias de Catarina e Ricardo nesta viagem até à Turquia. 
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