Médio Tejo
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A população de Gavião encheu o cineteatro da vila para se pronunciar e manifestar de forma veemente contra o monopólio dos supermercados por parte de uma empresária que chegou a meter a Câmara em Tribunal para evitar a instalação de uma empresa concorrente. Segundo o presidente do município, José Pio, a população disse o que queria e de forma clara: o povo está “contra os interesses de monopólio” do negócio.
Numa sessão que contou com cerca de 300 populares, acabou aprovada por “unanimidade” uma moção de apoio à Câmara e de condenação às pretensões da proprietária dos dois supermercados existentes, tendo José Pio referido ao nosso jornal a importância do desenvolvimento económico do concelho e o espírito de livre concorrência, numa visão “legitimada” pela população, que “disse o que queria e de forma muito clara”, num debate muito participado.
A Câmara de Gavião convocou uma sessão pública extraordinária para o dia 2 de maio, no Cine-Teatro Francisco Ventura, tendo como ponto único a “Ação popular movida contra o Município de Gavião” interposta por empresária do concelho, detentora dos dois únicos supermercados na vila de Gavião, e que tem tentado impedir a implantação de uma grande superfície da Auchan na sede de concelho.
ÁUDIO | JOSÉ PIO, PRESIDENTE CM GAVIÃO:
Recorde-se que a Câmara Municipal de Gavião já havia aprovado uma moção de repúdio, com abstenção do vereador do PSD, perante uma queixa apresentada no Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco por empresários do concelho, proprietários dos dois únicos comércios de retalho alimentar existentes na vila.
O autarca de Gavião lembra ainda que, por via de um abaixo-assinado, a mesma empresária já conseguiu no passado afastar a intenção de investimento do Intermarché, referindo que caíram por terra 25 postos de trabalho, mas que desta vez a população fez-se ouvir e fez saber que a empresária “não manda em Gavião”.
Hoje, a autarquia defende a nova oportunidade de instalação de uma superfície comercial, de uma das marcas de grandes superfícies do comércio a retalho, a Auchan, que se vai instalar num prédio urbano cuja propriedade é da Câmara Municipal e que foi adjudicado em hasta pública. O investimento perspetivado ronda os dois milhões de euros e vai permitir criar cerca de 20 postos de trabalho.
Perante a ação popular movida pela empresária, em vigor desde 13 de abril, a comunidade tinha 30 dias para se pronunciar sobre a sua aceitação ou não da representação pela autora, situação que está a gerar uma grande articulação e união entre a comunidade não só da vila, como de todo o concelho, no sentido de se manifestarem contra esta ação e por recusarem ser representados nesta ação, como se veio a verificar na sessão que lotou o cineteatro e que envolveu cerca de 300 populares.
A ação popular incide sobre um conjunto de acusações, que já constavam da queixa apresentada ao TAF de Castelo Branco, entre as quais o “corte ilegal” de sobreiros no terreno que é propriedade do município, afirmando que o local onde se encontravam foi “objeto de aterro”.
Visando o Município de Gavião enquanto “réu”, a empresária entende que deve ser “condenado a reconhecer que até julho de 2019, na parcela de terreno com 4.500m2, objeto de venda em hasta pública existiam, pelo menos, doze sobreiros na zona assinalada”.
Esta ação popular, onde o investidor para a instalação de um Auchan é a empresa Ambienti D’Interni, Unipessoal, Lda, indica que enquanto contrainteressado e juntamente com o Município de Gavião devem ser “condenados a reconhecer que em resultado desse corte ilegal de povoamento de sobreiros” e ficar proibidos de efetuar quaisquer operações de “edificação, obras de construção, obras de urbanização, loteamentos e trabalhos de remodelação de terreno” por um prazo de 25 anos.
Além disso, defende-se a a condenação para reposição “do povoamento de sobreiros destruído, bem como respetivo coberto vegetal”.
Quanto à acusação de abate de sobreiros, na mata do Vale Salgueiro, o presidente de Câmara já havia assumido que “foi dada ordem para abater 4 sobreiros adultos e 2 jovens”, tendo sido “confirmado pela GNR”, e não os 17 apontados na queixa no TAF de Castelo Branco.
Recorde-se que a Câmara Municipal de Gavião já havia aprovado uma moção de repúdio perante a queixa apresentada pelos empresários da vila, detentores dos dois únicos supermercados existentes.
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Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza… também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.
A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.
2 Comentários
O povo é quem mais ordena ,isto é o poder que as pessoas tem ,
mas por vezes é esquecido
Democracia
Parabéns ao Sr. Presidente e a quem o apoia nesta causa, pois o tempo de monopólio já terminou quase à meio século quando se deu o 25 de abril, força para que concretizem todos os vossos objetivos.
Já agora para todos os Gavionenses e arredores, abram os olhos e não se deixem espezinhar mais, apoiem quem realmente merece.
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