Mobilidade em Lisboa e no Porto: inquérito | DECO PROTESTE - Deco Proteste

Mobilidade em Lisboa e no Porto: inquérito | DECO PROTESTE – Deco Proteste

maio 22, 2024
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O automóvel domina nas deslocações de quem vive nas áreas de Lisboa e do Porto. A maioria dos condutores deseja usar menos o carro e, para tal, pede melhor funcionamento dos transportes públicos.
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O estudo, feito pela DECO PROTESTE a mais de 1500 habitantes das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, revelou que mais de metade dos inquiridos continua a usar o carro nas deslocações diárias. E, como gostavam de reduzir a sua utilização, reclamam melhor funcionamento dos transportes públicos.
Já os que optam pelos transportes mostram‑se pouco satisfeitos, sobretudo os que recorrem aos autocarros suburbanos. Salvo raras exceções, os resultados são muito idênticos em Lisboa e no Porto.
Os inquiridos da área metropolitana de Lisboa indicaram fazer, em média, mais quilómetros diários (24 quilómetros) do que os do Porto (22 quilómetros). Daí que, quanto ao tempo diário despendido, em média, os lisboetas gastem mais minutos no trânsito: quase uma hora, enquanto os portuenses se ficam pelos 44 minutos. Durante a semana, cerca de um terço (34%) dos inquiridos de Lisboa indicaram viajar por mais de uma hora, enquanto, no Porto, o mesmo aconteceu a 22 por cento.
Quanto ao transporte usado nas deslocações diárias entre a casa e o trabalho ou as aulas, o automóvel próprio é a solução de mais de metade dos inquiridos, nas duas áreas metropolitanas analisadas. Em ambas, o uso de carro próprio é mais habitual por quem vive fora do centro das cidades. Já os transportes públicos são usados por 29%, em Lisboa, e 19%, no Porto. Parte dos inquiridos – 15%, em Lisboa, e 12%, no Porto – usa o carro em combinação com os transportes públicos nas viagens diárias. Apenas uma pequena percentagem de inquiridos faz parte ou a totalidade do percurso a pé. O uso de mota ou bicicleta próprias é reduzido. Foi na área de Lisboa que se registaram mais inquiridos com mota – 3%, face a 1%, no Porto. São também 1% as pessoas a optarem pela bicicleta nas duas zonas analisadas.
Dado o automóvel ser o meio preferencial, será que afeta muito o orçamento familiar? No Porto, 49% dos inquiridos referiram ser difícil fazer face às despesas com o automóvel. Em Lisboa, 43% queixaram‑se do mesmo. Com a atual situação económica, não é de estranhar uma percentagem tão elevada de inquiridos apontar dificuldades com esta despesa. Entre os utilizadores de transportes públicos, em Lisboa, 14% referiram sentir dificuldade em fazer face aos encargos, enquanto, no Porto, 12% queixaram‑se do mesmo.
Mas os problemas não se ficam pelos gastos. O congestionamento das estradas é outro ponto ao qual dar atenção. Perto de metade dos inquiridos – 44%, em Lisboa, e 49%, no Porto – considerou as filas de trânsito um grande problema. Os habitantes do Grande Porto foram os que revelaram maior preocupação com as filas, mais do que quem vive nos municípios vizinhos.
Na área metropolitana do Porto, verificou‑se que quase metade dos inquiridos tem dois carros ou mais (47 por cento). Na zona de Lisboa, são 42% nesta situação. Já os que não têm qualquer automóvel são 13%, na capital, e 8%, na Invicta. Em ambas as zonas, é entre as pessoas que vivem fora da cidade, nos municípios vizinhos, que se regista a maior quantidade de carros.
Quanto à frequência de utilização, a maioria usa o carro em mais de três dias por semana, sendo que quase metade (46%), no Porto, e 41%, em Lisboa, recorrem ao automóvel seis a sete dias por semana. Nas duas áreas metropolitanas, quem vive nos municípios mais afastados usa mais o carro, sobretudo quando há menores na família.
Mas qual a razão para tantos inquiridos optarem pelo automóvel? Cerca de metade referiu não ter alternativa, em especial os que vivem nos municípios vizinhos e têm menores em casa. Contudo, 61% dos condutores lisboetas e 70% dos portuenses gostariam de reduzir o uso do carro. E já há quem tente ativamente fazê‑lo, como foi apontado por cerca de metade dos inquiridos. Os habitantes do Norte estão com mais vontade de reduzir do que os de Lisboa.
E que condições levariam os habitantes das áreas de Lisboa e do Porto a usarem menos o automóvel? O inquérito ajudou a obter as respostas. Melhor funcionamento dos transportes públicos, ao nível da frequência, da pontualidade e do tempo de deslocações, foi a condição mais apontada nas duas áreas metropolitanas. O conforto, em Lisboa, e o preço, no Porto, foram os segundos motivos mais referidos. Medidas de desincentivo – como o aumento do custo dos combustíveis, do estacionamento ou da utilização das estradas – também levariam a que parte dos inquiridos deixassem o automóvel em casa e recorressem aos transportes públicos. Já soluções como a redução dos limites de velocidade e as relacionadas com a mobilidade partilhada parecem ter menos influência na decisão dos condutores.
O inquérito permitiu ainda conhecer a experiência de quem usa os transportes públicos. Os habitantes da capital recorrem mais aos diferentes meios do que quem vive no Porto: com 41% dos inquiridos de Lisboa a referirem usar transportes públicos todas as semanas, enquanto, a norte, são 29% na mesma situação. O metro é o mais usado em ambas as áreas metropolitanas: 47%, em Lisboa, e 46%, no Porto.
Quanto à frequência de utilização de cada meio, nas duas áreas analisadas, a utilização em três ou mais dias por semana é bastante reduzida. Esta baixa frequência pode dever‑se a serem, sobretudo, os estudantes a optar pelos transportes públicos (como se verificou ser o caso em Lisboa). Mas também há que considerar que, após a pandemia, várias empresas passaram a permitir um regime híbrido, que retira a necessidade de ir todos os dias ao local de trabalho.
A satisfação geral com os transportes públicos é baixa nas duas áreas analisadas, sendo um pouco mais alta no Porto. Há cerca de um terço (32%) de inquiridos insatisfeitos na capital, face a 27%, a norte. O aspeto menos apreciado nas duas zonas é a informação prestada, enquanto o conforto é o que mais agrada. Quanto aos diferentes meios, o metro é o que reúne maior satisfação, em ambas as áreas metropolitanas.
Segundo os inquiridos, o funcionamento é o aspeto que consideram mais importante relativamente aos transportes públicos. As vertentes menos apreciadas relacionadas com o funcionamento são os horários e a articulação com bicicletas e com automóveis, como a existência de parques de estacionamento.
Resta saber o que levaria os inquiridos a frequentarem mais os transportes públicos. Uma maior frequência foi o motivo referido por metade das pessoas que responderam. Mas também são importantes melhores ligações, maior fiabilidade e tempos de viagem mais curtos. Ao analisar as razões de quem nunca usa os transportes públicos, as duas mais habituais são a baixa frequência e a falta de ligações.
Para a DECO PROTESTE, o uso dos transportes públicos em larga escala, bem como a transição energética, são a única forma de alcançar as metas de emissões fixadas para 2030 e 2050. Para tal, há que privilegiar as deslocações a pé, de bicicleta ou trotinete, ou através de transportes coletivos.
A associação considera fundamental começar por conhecer bem o que existe e quais as necessidades. A criação de um observatório nacional da mobilidade, com uma visão integrada de todos os serviços, é a solução.
Para o transporte coletivo passar a ser a primeira escolha dos consumidores em todo o território, a DECO PROTESTE defende que é preciso atuar em várias vertentes. Uma delas é a melhoria do serviço ao nível da abrangência e da disponibilidade dos meios de transporte. Também é vital garantir a boa interligação entre os diferentes meios. Não menos importante é promover os meios coletivos de mobilidade escolar, de preferência, através de soluções ativas (caminhada e bicicleta), ou adaptando os serviços de mobilidade já disponíveis.
Entre setembro e novembro de 2022, a DECO PROTESTE enviou um questionário a uma amostra de pessoas com idades entre os 20 e os 74 anos, que viviam nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Os resultados foram ponderados de modo a serem proporcionais à população de cada área urbana, em termos de género, idade, habilitações literárias e zona onde vive (cidade ou municípios vizinhos). No total, foram consideradas 1528 respostas válidas: 933 para Lisboa e 595 para o Porto.
 
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