Pixies: “Nunca nos vamos esquecer de Lisboa. Havia fãs a perseguir a carrinha” - NiT New in Town

Pixies: “Nunca nos vamos esquecer de Lisboa. Havia fãs a perseguir a carrinha” – NiT New in Town

junho 3, 2024
0 Comentários

Os Pixies são uma das bandas mais influentes do final dos anos 80 e início da década de 90. O seu rock popular com sonoridades ligadas ao surf e à praia foi determinante para que, anos mais tarde, grupos como os Nirvana ou os Arcade Fire formassem a própria identidade.
O grupo terminou em 1993 depois de algumas divergências entre os membros — mas reuniram-se em 2004 e continuam até hoje. A 13 de setembro vai ser lançado o sétimo disco de originais dos Pixies, “Beneath the Eyrie”.
O álbum é o pretexto para o concerto que a banda americana vai dar no Campo Pequeno, em Lisboa, a 25 de outubro. De qualquer forma, no espetáculo não faltarão os temas mais famosos, como “Where is My Mind”, “Here Comes Your Man” ou “Monkey Gone to Heaven”, entre outros. Ainda há bilhetes à venda por 45€.
A NiT entrevistou o baterista David Lovering, da formação original do grupo — aliás, quando os Pixies começaram, ensaiavam na garagem dos pais de Lovering. Muita coisa mudou desde então. Leia a entrevista.
O vosso próximo álbum será “Beneath the Eyrie”, que sai no próximo mês de setembro. Como foi construir este disco?
Acho que foi mais fácil do que o anterior. Só tínhamos três semanas para o fazer, era num sítio idílico numa zona de floresta, mas aqui a diferença é que já tínhamos as canções antes de irmos para o estúdio. E quando conheces as músicas tens aquela confiança — em vez de entrares lá completamente no escuro. Foi muito bom.
Ajuda estarem num ambiente desses para gravarem um álbum?
É agradável e é um luxo que nós temos ao podermos gravar num sítio como aquele, mas devo dizer que estávamos num local bastante remoto — se quisesses ir buscar alguma coisa para comer era bastante difícil [risos]. Tem vantagens e desvantagens, mas era um sítio lindo e correu bem.
Os Pixies começaram nos anos 80. Como é que mudou a vossa forma de fazer música ao longo do tempo?
Acho que não mudou. Não é uma fórmula, mas sempre tivemos o mesmo processo. O [vocalista e guitarrista] Black Francis é muito bom compositor, ele passa-nos coisas e nós começamos a tocar numa jam session — e sempre foi assim, esse formato nunca mudou.
A única diferença, suponho, têm sido as condições.
Exatamente, essa é a única diferença. E já o fazemos há tanto tempo — desde 1986 —  que somos um pouco mais profissionais naquilo que fazemos. Pelo menos pensamos que somos [risos], e acreditamos que conseguimos fazer as coisas.
Em relação à vida na estrada, das digressões, também não têm existido grandes alterações?
Não, não tem havido grandes mudanças nas tours. Acho que a única — mas mesmo a única — diferença quando estamos a dar um concerto é que fazemos mais festivais e têm aqueles ecrãs gigantes. Eles não existiam quando nós éramos uma banda bebé. Agora quando estou a tocar tenho de ter essa a consciência: agora as pessoas estão mesmo a ver-me [risos]. É a única diferença, de resto está tudo igual. As maiores diferenças são os meios, porque existem redes sociais, o YouTube, muitas formas de ouvires música. Nós estamos mais velhos, mas não vejo isso como… as editoras já não existem como existiam, mas acho que isso não é um problema, com todos os meios que há. Não nos afetou muito.
Continuam a sentir-se tão relevantes como eram nos anos 80 ou 90? Ou quando regressaram em 2004?
Queremos pensar que ainda somos relevantes. Quer dizer, a única razão para termos começado a gravar músicas de novo — a partir de 2011 — foi porque, quando nos reunimos em 2004, estávamos apenas a tocar canções antigas. E estava tudo bem, foi ótimo fazer isso, mas depois de sete anos — isso já era um período maior do que aquele em que tínhamos existido no nosso início, quando tínhamos criado aquelas músicas. E foi surreal, era estranho pensar nisso. Começámos a pensar e éramos uma banda, aquilo era o que fazíamos. Por isso começámos a gravar de novo. 
Olhando para trás, tem algum concerto favorito da carreira, de todos aqueles que já fez?
Essa é díficil. São todos muito diferentes e únicos, normalmente os espetáculos destacam-se mais pelo sítio em que são — seja por serem ao ar livre, numa área de deserto ou numa zona montanhosa. Não me recordo de nenhum específico. Mas lembro-me de uma coisa: tocámos em Lisboa em 1991, acho que foi a nossa primeira vez em Portugal. Demos um concerto lá que foi maluco. Tínhamos uma carrinha de 12 lugares em que andávamos de um lado para outro,  entrámos para lá depois da atuação — e tínhamos fãs em todo o lado a perseguir a carrinha. Isso nunca aconteceu. Nunca aconteceu com os Pixies. Uau. Nós tínhamos fãs, mas aquelas pessoas gostavam mesmo de nós [risos]. Nunca vou esquecer isso — nenhum de nós. E também nunca aconteceu depois.
E conhece Lisboa? Ou é difícil ter tempo quando está em tour?
Costumamos visitar as praças principais ao pé dos sítios onde tocamos, agora vou ter a oportunidade de o fazer de novo. E adoro o caldo verde. Costumo fazer muitas vezes em casa, mas é impossível que seja melhor do que na fonte.
Voltando aos espetáculos, qual foi o pior concerto da sua carreira?
Los Angeles é um sítio onde já tocámos muitas, muitas, muitas vezes. Mas penso que não somos bons, sempre que tocamos lá. É a forma como as estrelas se alinham ou o que seja. Não têm sido os meus espetáculos favoritos, até tem sido bastante embaraçoso, tenho muitos amigos em LA [risos]. Mas da última vez tocámos no Hollywood Bowl, que foi muito bom e surpreendeu-me, porque nunca tinha acontecido. Antes de subir ao palco estava: “oh, não. Oh, não”. Mas acabou por correr bem. 
O plano é continuar os Pixies durante muito tempo, nestes moldes?
Sim, claro. Este é o nosso trabalho e acho que isto é o que fazemos melhor. Nem falamos muito disso. E iremos continuar, talvez até as pessoas deixarem de gostar de nós. 
Em 1986, alguma vez pensaria que em 2019 ainda iriam estar a tocar juntos?
Não, de qualquer forma. Quando nós terminámos a banda em 1993, eu tinha-me resignado com o facto de que nunca, mas mesmo nunca, nos iríamos voltar a juntar. Quando aconteceu, foi difícil processar isso. Nem acredito que já estamos reunidos desde 2004. Quando terminámos, foi bastante trágico, foi devastador. Tens uma ideia de quem tu és e que fazes parte de uma banda, por isso nunca imaginaria que durasse tanto tempo e da forma como aconteceu. Estamos mais velhos, sábios e agora gostamos muito mais uns dos outros, é mais fácil quando gostamos do que estamos a fazer. Nem falamos disso, lá está, simplesmente fazemos o que fazemos. 

O grupo reuniu-se em 2004.

[wpforms id=”1208754″]
<!– Envie por favor um email para portugal@viagensebaratas.com com os seus dados pessoais. –>

source

@2023 - Todos direitos reservados. Conexão Automotiva | DriveWeb