Calcule quanto pode aumentar a sua prestação do crédito à habitação e simule quanto pode poupar ao transferir o crédito para outro banco.
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Vários anos de taxas de juro negativas permitiram aos consumidores aceder a crédito com menos custos e manter em alta a procura. No entanto, a subida da inflação no espaço europeu deu início a uma trajetória de subida dos juros, no começo de 2022. Quase sete anos depois, a Euribor chegou a índices positivos a 12 de abril de 2022 e, em menos de dois anos, passou a marca dos 4%, nas maturidades a 6 e 12 meses. Há muito que os economistas previam que tal viesse a acontecer. Só faltava saber quando, não se esperando, contudo, esta rapidez. Contudo, o final de 2023 marcou uma inversão desta tendência de subida, que está por confirmar nos próximos meses.
Saiba o que está em causa e como este cenário de juros altos pode afetar a prestação do crédito à habitação.
Apesar da mudança da tendência, as prestações ainda podem subir à medida que forem revistas nos próximos meses, consoante o contrato tenha sido negociado com a Euribor a 3, a 6 ou a 12 meses.
Se a prestação da sua casa subiu, veja se poupa ao transferir o empréstimo para outro banco.
Simule a transferência de crédito para outro banco
A média da Euribor considerada para efeitos de revisão de um contrato de crédito de taxa variável (seja a 3, 6 ou 12 meses) é a do mês anterior ao da assinatura do contrato de crédito. Ou seja, se assinou o contrato com o banco em outubro, a média considerada será a de setembro. Embora, normalmente, o mês da celebração do contrato com o banco coincida com a assinatura da escritura, a primeira pode ocorrer até 30 dias antes da segunda. Logo, num caso em que a escritura tenha ocorrido em outubro, mas o contrato com o banco tenha sido finalizado em setembro, a média da Euribor usada como referência será a de agosto. Resumindo: a data a considerar é sempre a da assinatura do contrato com o banco. Essa informação pode ser consultada na ficha de informação normalizada europeia (FINE) que acompanha o contrato de financiamento.
No episódio do podcast POD Pensar, moderado por Aurélio Gomes, o economista da DECO PROteste Nuno Rico ajuda os consumidores a navegar na tempestade de juros que já se abateu sobre o País.
A análise crítica do comentador especialista em assuntos económicos Paulo Ferreira, da Rádio Observador, e de Joaquim Montezuma Carvalho, professor do ISEG, na área da Economia do Imobiliário, ajudam a compreender o fenómeno da rápida subida das taxas de juros e que rumo esperar do Banco Central Europeu nos próximos tempos.
A taxa Euribor a 12 meses, atualmente a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação, atingiu valores acima dos 4%, assim como a de 6 meses. Se tem um crédito indexado à Euribor a 12 meses pode sentir-se tentado a alterar o contrato para um prazo de 6 meses. Se essa decisão será vantajosa, só a evolução da Euribor o dirá. Ainda que nos primeiros 6 meses vá, efetivamente, pagar menos, na revisão seguinte, e tendo em conta o cenário de subida significativa das taxas de juro, arrisca-se a desembolsar um valor superior ao que pagaria se tivesse mantido o indexante com a maturidade de 12 meses. Ou seja, a poupança obtida ao longo destes 6 meses poderá ser anulada pelo que pagará, eventualmente, a mais nos 6 meses seguintes. Já se mantiver o contrato indexado à Euribor a 12 meses, o valor a pagar pelos juros manter-se-á constante até à renovação do contrato, ao fim de um ano.
Sim. O acesso ao crédito torna-se mais difícil nestas condições, já que, quanto maior for a subida das taxas de juro, menor será o montante que os bancos estão autorizados a emprestar aos consumidores. Ou seja, com o aumento do valor dos juros, a prestação para um mesmo nível de financiamento sobe, o que significa que o seu peso sobre o rendimento mensal dessa família será superior. Como, desde 2018, os bancos devem garantir que, no momento da concessão do crédito, a taxa de esforço das famílias não ultrapasse os 50% do seu rendimento, com o aumento das taxas de juro, respeitar este limite implica diminuir o montante financiado. Por exemplo, consideremos uma prestação máxima de 750 euros, num cenário de um financiamento a 30 anos, com um spread de 1 por cento. Com a Euribor a 1%, esta família pode pedir ao banco até 203 mil euros. Mas, caso a Euribor suba para 2%, mantendo-se as condições do crédito e o rendimento da família, o montante máximo de financiamento baixa para 178 mil euros. Já se o indexante atingir os 3%, o valor do empréstimo reduz-se para 157 mil euros. A subida dos juros implica, assim, uma redução do montante máximo de crédito a que uma família pode aceder. Com o crescente desfasamento entre o preço do imobiliário e os rendimentos das famílias, comprar casa ficou ainda mais difícil.
As taxas de juro continuam altas, após a trajetória ascendente, iniciada em 2022. Os últimos meses têm sido marcados por uma descida ligeira. A DECO PROteste considera plausível a continuação da descida ligeira durante o ano de 2024, para valores próximos dos 3 por cento.
Em cada reunião mensal do Banco Central Europeu, pode decidir-se pela manutenção ou alteração da chamada taxa diretora, que o BCE cobra aos bancos para lhes emprestar dinheiro. Uma revisão desta taxa influencia todos os contratos de crédito praticados entre as instituições bancárias, que definem a Euribor. A última alteração aconteceu em setembro de 2023, quando a taxa diretora foi fixada em 4,5 por cento. Esta dinâmica junta-se às do mercado, e as expectativas em relação à evolução dos indicadores económicos também influenciam as taxas Euribor definidas pelos bancos europeus, procurando antecipar os próximos passos da política monetária. No final, são estas as taxas que influenciam diretamente os contratos de crédito de taxa variável.
Vários fatores têm concorrido para este cenário. Um deles passa pelo aumento do preço do petróleo e da energia em geral. O conflito militar na Ucrânia veio dar um forte contributo nesta matéria. Por outro lado, as políticas monetárias expansionistas dos últimos anos provocaram um excesso de liquidez no mercado, que não contava com o aparecimento de uma pandemia, em 2020, e com o seu impacto imenso nas cadeias de produção e distribuição mundial. Contudo, tem mostrado uma tendência decrescente dos últimos meses, apesar das várias incertezas quanto à sua evolução no futuro próximo, devido à instabilidade no contexto económico mundial.
Essa é a resposta clássica a cenários de inflação, mas uma variação muito significativa poderia ter consequências nefastas no atual contexto económico. O endividamento dos países, assim como das famílias, está em níveis muito elevados, e a recuperação económica das empresas é ainda muito débil, até porque a pandemia provocou sérios constrangimentos na atividade de muitas instituições nos últimos dois anos. Por outro lado, a subida da inflação, que tem provocado um aumento generalizado dos preços, não está a ser acompanhada pelos salários, reduzindo o poder de compra dos consumidores. Uma correção em alta da taxa de juro tornou-se inevitável e tem acontecido de forma rápida. Este movimento foi antecipado nos mercados financeiros, durante os últimos meses, influenciando a Euribor.
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